quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O comércio da fé.



Conhecer Aparecida ( SP ) era um dos meus objetivos nesta vida.
Não, eu não sou religioso o suficiente pra encarar horas e horas dentro de um ônibus de excursão acompanhado de fiéis rezando, ou lendo o livro sagrado. Porém, tinha a curiosidade de ver o grande templo, que move milhares de fiéis.

Que me perdoem os amantes de alguma religião, neste caso a católica apostólica romana, por escrever este post.
Decidi escrever sobre este assunto ( que não me agrada expor as minhas idéias publicamente sobre religião, política ou esportes... ) pois estive em Aparecida.

Sobre a cidade...
Pobre, cheia de hotéis. Suja. Complicada.
Tudo gira em torno de uma tal santa negra que foi encontrada em um rio, por alguns pescadores. Esta santa, gera alguns milhares de “dinheiros” para alguma entidade, ou o melhor seria empresa, tudo em nome da fé.

Ao entrar pela avenida de acesso, de quem vem pela rodovia Dutra, automaticamente fui “atropelado” por moto-boys e motoristas beirando a loucura, oferecendo algum hotel mais barato, ou que oferecesse alguma comodidade, como uma TV no quarto por exemplo. Esta loucura por um punhado de trocados, como comissão, é tanta, que ao parar em uma das esquinas para observar o modesto templo religioso, fui interrogado por um senhor, de aparência cansada e mal cuidado “ procurando a igreja?” disse ele... Assim, foram muitas vezes.

A primeira decepção foi procurar o mirante da santa. Poucas placas, um caminho estreito por vielas que adentram uma região pobre da cidade, e, surpresa! As chuvas acabaram com a estrada que dava acesso ao local, mas, ninguém avisa, ou não existe uma placa para indicar este probleminha.

Próximo... Morro do Cruzeiro. Mais uma vez, nada! Não existe nada além de uma caminhada pesada para ver uma via sacra. Monótono e totalmente sem graça.

Uma voltinha rápida pela frente ao redor da antiga igreja de Aparecida. Linda, ao menos por fora. Estacionar aqui? Impossível. Falarei mais sobre estacionamentos nas próximas linhas. Ao tentar chegar na antiga igreja, parei em um cruzamento, quando notei dois rapazes de meia idade correndo pela rua, num primeiro momento pareceu-me uma briga, ou algo assim, mas não, eles estavam simplesmente correndo pra ver quem chegava antes ao vidro do carro para oferecer hotel...

Decidimos ir ao novo templo.
Ao chegar fomos atacados por um senhor afro-descedente idoso, que falava mais ou menos umas 700 palavras por minuto. “Ofereceu” fitas de Aparecida e Santinhos com a história e a oração da santa, apenas por uma colaboração espontânea (?) que podia ser R$ 10,00 ou R$ 20,00, ao gosto do freguês. Ficamos com as fitas e pagamos R$ 5,00. Ele não reclamou, ainda agradeceu e falou mais umas 500 palavras, indicando como deveríamos fazer para estacionar.

Estacionamento de igreja, certo? A casa do povo, certo? R$ 9,00, certo? PQP! Para visitar o templo, não é cobrado, mas para estacionar com certa segurança, são 9 paus mortinhos. Ok, o estacionamento da acesso ao shopping ( não não, eu não escrevi errado não...) religioso que existe no pátio. Com direito à Mc Donald´s e tudo.

Vendedores de terços e afins espalham-se pelo parque, cada um tentado vender mais que o outro.

Sobre o lugar.
O lugar é bonito e impressiona pelo tamanho. Estava praticamente vazio, mas deu pra perceber que rola muita grana! Você pode comprar livros, terços, tijolos, velas e outros. A missa é transmitida em várias LDC´s espalhadas pelas paredes...
Do lado de fora, um pequeno hospital, uma central de segurança com veículos “doados pelos romeiros” e uma sala de imprensa. Coisa profissional.
Eu já estava esquecendo... Tem um mirante na torre do relógio da igreja. De graça ? CLARO que não. Se quiser ver como é lá na parte superior, R$ 3,00.

Cansei. Cansei de escrever sobre isso. Cansei de ver como as pessoas são enganadas em nome da fé.

Eu queria ser sócio desta empresa chamada “IGREJA CATÓLICA“, e o seu comércio da fé.


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